quinta-feira, março 27, 2008

27/03/1984

Eu cresci, né? É, eu cresci! Não tanto quanto gostaria, mas mais do que eu esperava. Pelo menos assim posso ser grande e pequena, dançando conforme minha trilha sonora e o tamanho do meu salto. Falando em dançar, eu já fui bailarina, dançarina de rua, já fui clássica, moderna, contemporânea. Hoje, no máximo um sambinha, pra não me fazer esquecer das origens. E olha que minhas origens são engraçadas. Pra se ter idéia, eu já gostei de Leandro e Leonardo, já cantei moda de viola, e ainda tenho os discos do Balão Mágico e do Trem da Alegria. Hoje, a Patrícia Marx e o Jair Oliveira fazem parte da minha galeria de músicos respeitáveis, juntos com outros nomes que pra mim são importantes, como Max de Castro e Ed Motta. E pensar que eu nunca fui ao show do Ed Motta. Mas já vi ao vivo a Sandra de Sá, Lulu Santos, Nando Reis, JAMIROQUAI, Cypress Hill e até o Hanson. Por falar em Hanson, eu jurava por A+B que casaria com um dos Backstreet Boys, e acreditava piamente no "Girl Power", o lema das Spice Girls. É, eu já acreditei em muita coisa. E desacreditei também. Já acreditei no saci pererê e desacreditei no papai noel. Já acreditei em Deus e desacreditei no Diabo. Já acreditei em gente e desacreditei em animal. Hoje, acredito em mim mesma e desacredito no resto; seja esse resto qual for. E olha, eu também já fiz uma faculdade. Me formei em quatro anos sem nunca pegar um único exame final sequer. Eu também já aprendi inglês, italiano, espanhol, e não esqueci. Em compensação, quimica e matemática eu nunca aprendi. E se tivesse aprendido, faria questão de esquecer. Eu não sei cozinhar. Ou melhor, eu não gosto de cozinhar, porque cozinhar eu sei. Meu arroz com cenoura e queijo, por exemplo, é ótimo! Eu sei também que o preto é ausência de cor e o branco é a soma de todas elas. Eu sei que se eu abrir bastante o diafragma da minha lente eu terei uma imagem com profundidade de campo bem baixa. E eu também sei que "eu te amo" não é "bom dia". Eu não gosto de ervilhas. Nem das frescas. E eu tentei não gostar de carne, mas eu gosto. Eu também gosto de suco de laranja sem açúcar, embora meu suco preferido seja de limão. Ou seria cajá? É, isso eu não sei. Eu sei que já apanhei de mangueira, já tomei banho de chuva, já caí do beliche e da bicicleta. Que já tive insolação e catapora. Que meus pais são separados, e que eu tenho dois pais e só uma mãe. Sei que eu moro em apartamento sonhando em ter uma casa. Mas eu não sei se gosto mais de all star ou plataforma. Ele prefere o all star (L). Disso eu sei. E eu me lembro que fui cantora de coral e tocava guitarra numa banda de rock. Que tive um namorado virtual que virou real, e um real que afastou-se tanto que era quase uma lenda. Por falar nisso, eu achei o filme "Eu sou a Lenda" bem meia boca. Meu filme preferido sempre será Magnólia. Mas Paris, Textas tem uma fotografia linda. E já que eu citei a fotografia, bem, a fotografia é minha paixão e profissão por opção. Vivo de fotografia e amo muito. Eu também amo minha mãe, minha família, meus amigos. E eu sou bastante sentimental, e deveras estressada. É por isso que eu tomo tanto café e fumo. É, pasmem. Eu fumo. Escondida de muitas pessoas, fato. Mas o fato é que eu já fiz muita coisa escondida e não ando querendo esconder mais nada. Nem que eu fumo, nem que eu já matei aula, e nem que eu tenho um namorado. Hoje eu faço 24 anos e trago à luz, sem esconder, o que eu fiz, o que gostei, o que eu acredito e o que eu sou.

quinta-feira, março 13, 2008

SMOKE

Acendo um cigarro.
Não queria voltar com eles.
Mas eles são os únicos que te trazem pra mais perto.
Cada vez que me invado de fumaça, é como se você se achegasse um pouco mais.
Não consigo parar.
Acendo um atrás do outro.
Me embriago na sensação dos teus braços a me envolver.
E quando trago pela última vez o último deles, vejo tua mão me dando adeus, desfazendo-se como a nuvem que exalo.
E eu nunca senti tanta falta de um abraço, do teu abraço, como hoje.
Então eu deixo o vento frio e a chuva fina se misturarem às minhas lágrimas, e vou pro próximo maço.