segunda-feira, janeiro 24, 2011

Descontrole

É difícil manter a garrafa fechada por muito tempo se você fica chacoalhando aquele líquido fermentado ali dentro. Uma hora estoura.
É difícil abrir a tampa sem que haja uma explosão.

E quando eu vejo essas coisas do passado, esses fantasmas, essa felicidade alheia presa em uma imagem, eternizada, eu me sinto uma garrafa chacoalhando.
Todo aquele sentimento de impotência, aquela raiva descabida, aquela inveja desmedida, aquele ciume infundado. Tudo aquilo chacoalhando, aquecendo, transbordando.

Todo o meu descontrole controlado agora por uma frase: não faz sentido.

003 ~ 365

Tô super atrasada na atualização do blog, mas a atualização do Flickr está em dia.
Aos poucos vou colocando tudo em ordem.

Dia 003
Projeto 365

14/01/2011




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Up side down!
Esse negócio de fazer faxina deixa tudo assim, de pernas pro ar.
Enquanto tudo não estiver bem limpinho, não dá pra colocar as coisas no lugar né?

quinta-feira, janeiro 20, 2011

Nocaute

Ser forte o tempo todo cansa.
Fingir que é forte e que pode resolver tudo, também cansa.
E tentar ser feliz sendo o que não se é, cansa ainda mais.
Todo mundo precisa mudar. Fato.
Todo mundo tem que se adaptar às regras do jogo.
Mas têm horas que simplesmente não dá.
Você vai mudando, se adaptando, se moldando, e sua corda vai raspando, raspando, raspando e desgasta. Desgasta e rompe.
Não adianta tapar o sol com a peneira.
Não adianta tentar remendar.
Não adianta tentar resolver o que não tem solução.
A corda arrebenta quando se desgasta demais. Esse é o fato. E estoura sempre pro lado mais fraco.
E eu sou o lado mais fraco desse jogo.
E não adianta continuar jogando acreditando cegamente que vai levar até o final e ganhar, quando tudo mostra que o que te espera é uma derrota catastrófica. Que não tem mais como competir. Que não dá mais tempo.

É preciso assumir que há defeitos que não te permitem ter capacidade para atingir aquele objetivo tão almejado.
E ter defeitos não é nenhum demérito inaceitável.
Todo mundo tem defeito.
Todo mundo erra.
A diferença é que uns têm capacidade de corrigir e outros não.

Não se pode querer enxergar de longe tendo 15 graus de miopia. Dá pra usar óculos, lentes de contato, fazer cirurgia. Mas enxergar de longe com a perfeição de quem tem 100% da visão é impossível.
E essa fase da aceitação é a pior de todas.

É difícil aceitar um defeito que não tem correção.
Mas enquanto isso não acontecer, a frustração será sempre uma sombra e a solução nunca virá.
É preciso reconhecer que há defeitos, que eles não tem solução, e que o que não tem solução, solucionado está.

Tem horas que é preciso parar de insistir. De dar murro em ponta de faca.
Tem horas que é preciso jogar a toalha.

Desistir também faz parte.

sexta-feira, janeiro 14, 2011

The Day After

Existe em mim uma confusão que me atormenta e faz minha cabeça girar mais rápido do que meus olhos conseguem acompanhar.
É como estar numa ressaca eterna.
As coisas não param em seus devidos lugares.
Tudo é disforme, turvo e fora do alcance das mãos.

E quando eu penso que numa dessas, as coisas podem voltar ao normal, ou quem sabe se estabilizar, eu vou lá e tomo outra dose da minha cachaça de insanidade e vomito tudo outra vez.
Depois peço desculpas e saio limpando, desesperada, toda a sujeira que acabei de fazer.

O curioso é que começo tão confiante de que dessa vez não vai dar errado, de que dessa vez eu estou sendo coerente.
Eu até me controlo, falo baixo, respiro e fico um tempo considerável sem derramar uma lágrima sequer.

Mas daí, num piscar de olhos, já está tudo errado outra vez.
Eu já sou burra, eu já falo merda, já sou estúpida, incoerente, incapaz.

Eu queria conseguir entender o que acontece nesse segundo entre fechar e abrir os olhos.
Como tudo pode mudar tão rápido sem que eu perceba?
Onde, céus, onde está o erro?

Qual é a maldita palavra de ordem dessa desordem?

002 ~ 365

Dia 002
Projeto 365
13/01/2011



Hoje foi o dia da faxina.
Não só em casa, mas em mim mesma.
Dia de limpar os pensamentos e as idéias.
De varrer pra fora de mim uma parte da sujeira que ficou acumulada debaixo do tapete.
Quando um lugar fica muito tempo fechado, é notável que o período de limpeza e organização dure mais do que o normal.
E eu não estou esperando que isso vá acabar amanhã.
Ao contrário.
Creio que será um período longo.
Porque sujeira sempre volta, e se descuidar, acumula.
E sei que vou limpar, e limpar, e limpar de novo, e de novo, até as coisas ficarem mais claras, transparentes.
O fato é que não posso mais abandonar meus pensamentos, não posso mais deixá-los de lado, criando pó, acumulando sujeira.
É hora de reaproveitá-los, de reciclar as idéias, de dar utilidade ao que ficou parado e de descartar o que já não serve mais.

E mais pra frente eu vejo como farei pra manter esse ambiente - que hoje ainda está sujo, mal cuidado, sem vida - limpo, arejado, alegre e cheio cor.

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Ainda não consegui encontrar uma boa maneira de falar sobre o procvesso criativo das imagens.
Pensei em vários modelos, mas não encontrei nenhum interessante o suficiente.
De qualquer maneira, o que valeu pra mim, nesse dia, foi o fato de fazer as coisas com calma; de pensar, de raciocinar, de limpar as idéias. De jogar coisas fora - ou de tentar pelo menos.
Já criei uma pilha de coisas para jogar fora.
Agora falta criar coragem para me desfazer delas.
Não será fácil me desligar daquelas idéias e pensamento que me acompanharam e que, de certa forma, ajudaram a me trazer até aqui, aos trancos e barrancos, e fizeram parte da minha personalidade.

O fato é que essas idéias já cumpriram sua função, e está na hora de dizer adeus.
Agora é encher os pulmões de ar, e ir.

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Trezentos e sessenta e cinco

De casa pro trabalho, do trabalho pra casa.
No trabalho, engolida pela rotina; em casa, engolida e regurgitada pela rotina.
Decidi então por uma vírgula entre esse engolida e regurgitada e utilizar essa pausa pra fazer algo que me traga algum prazer.
Está mais do que na hora de colocar algum propósito nessa minha vida medíocre.
Mesmo que o propósito assim, a olho nu, seja de certa forma medíocre também.
De qualquer maneira vai ser uma terapia. Uma válvula de escape, uma forma de olhar pra mim mesma, de me descobrir, me redescobrir.
E mais do que uma terapia, vai ser um compromisso comigo. De levar algo até o final. De concluir um projeto, de tirar um tempo para criar, para construir e descontruir conceitos, para estudar, ME estudar, de ser egoísta, egocêntrica, umbiguista. De ser minha prioridade.

É isso: mais do que qualquer outra coisa, essa virgula vai ser o momento onde eu serei a minha prioridade. Já tá na hora, nem que seja por minutos.

Hoje eu (re)comecei meu Projeto 365, onde farei uma foto minha por dia, durante 365 dias.

Virei aqui todos os dias, como complemento do meu projeto fotográfico, para relatar o processo criativo, de composição, edição e para tentar transformar alguns sentimentos em palavras.

Quem sabe assim eu consiga atualizar esse blog e transformá-lo em um espaço interessante, não é?

;)
Dia 001
Projeto 365

12/01/2010



Eu já tentei levar esse projeto até o final em 2008 mas não consegui. Cheguei até o dia cento e alguma coisa, mas acabei desistindo.

Depois de um tempo percebi que esse projeto era uma ótima forma de descobrir coisas novas a meu respeito. Boas e ruins, claro. Todo mundo tem dois lados nessa vida.

O fato é que resolvi voltar a assumir esse compromisso comigo mesma. Muito mais do que um compromisso, um desafio diário de dentar me descobrir, redescobrir, de me auto-avaliar, e de dar a cara a tapa também. Tanto no quesito "conceito" da imagem e qualidade técnica [afinal sou fotógrafa e vou aproveitar esse espaço pra voltar a fazer o que mais amo nessa vida], quanto no quesito "existência" [quem eu sou, minha personalidade, meus pensamentos, afinal, ninguém é obrigado a concordar comigo].

Meu objetivo com esse trabalho é encontrar a verdadeira forma desse rosto aí. É conseguir, ao final de um ano todo, visualizar a minha própria face, da forma como ela é. Sem mascaras, sem distorções, sem alterações. Simples e fiel ao que realmente sou. Aliás, quem será que eu realmente sou?