sexta-feira, julho 04, 2008

AVALANCHE

Foi fulminante.
Alguns dias, alguns cigarros e logo após nos misturávamos, meio desajeitados.
Nos culpávamos no dia seguinte.
Nos encontrávamos em todos os outros dias.
Guardo o mesmo palpitar no peito, como que pra relembrar, diariamente, a sensação da primeira vez de ter tua boca na minha.
E sigo, como numa avalanche, me embolando nos teus braços, querendo morrer nos teus abraços, sem pensar se vai ou não ter fim.

MONÓLOGO

- Tu te cobras demais!
- Eu sei, mas é meio inevitável.
- Deverias descansar essa tua cabeça. É pressão demais que fazes aí dentro. Depois cai de cama e não sabes o porquê.
- Vou entrar em férias em uma semana e meia.
- E até lá ficarás assim? Se culpando?
- Eu não me culpo, mas penso que, em algum momento, deixei faltar alguma coisa. Na verdade, estou tranqüila. Sei que fiz minha parte. Não deixei faltar nada. Mas depois de hoje, tive essa impressão.
- Já pensaste na possibilidade de ser apenas uma questão de convivência?
- Sim, já. É o que eu prefiro pensar, na verdade. Senão eu mesma confirmaria que algo ficou faltando.
- Eu, modéstia parte, acho que você não deixou nada a desejar. E digo mais. Pra uma primeira vez, tu te saíste melhor do que imaginava.
- Será? Será mesmo?
- É claro! Senão não terias recebido todos aqueles louros, convenhamos.
- É, tá. Pra uma primeira vez.
- E outra: não queria agradar todo mundo. Desagradarás muito mais do que o contrário. Tua mãe nunca te disse?
- Disse. Mas disse pra eu tentar ser a melhor, sempre.
- E você é. Você é, menina.
- Sem essa. Tá, eu posso até ser, mas não queria me sentir assim, de lado, sei lá.
- Já te disse. Convivência.
- Vou apagar a luz.
- Amanhã nos vemos quando fores pentear os cabelos.