Todo meu romantismo banal agora ri da minha cara.
Ele sempre me disse que isso era coisa de gente que ainda não cresceu.
Café na cama, presente de aniversário, flores sem data qualquer, apenas para dizer o que se sabe sem ter que usar palavras.
Um passeio no parque ao sol, ou uma visita ao planetário, para poder ver todas as estrelas ali, bem mais perto do que no infinito do dia a dia.
Ele ri da minha cara porque essas coisas simplesmente não existem na vida de quem não sabe fazer acontecer, que no caso, sou eu mesma.
Em minha mente idealizadora e utópica, a vida era isso: ter a "sorte de um amor tranquilo", como já cantou Cazuza e que escuto agora, freneticamente, desviando da nuvem umida que cobre meus olhos.
E Cazua me enganou quando me convenceu de que era possível ser o pão e a comida de alguém.
Há de se ser também o contraponto, o equilíbrio, a porção racional que mantém os pés no chão.
E meu romantismo banal continua rindo porque eu sempre achei que a racionalidade estragava as coisas. Que a cólera, a chama e a combustão do amor, amor por ele mesmo, daquela forma mais visceral e pura, salvariam a humanidade e transformariam todo lodo em flores.
Essa banalidade infantil que não se desfragmentou com o tempo só me faz ver que eu sempre estive errada. Há cura para a cólera, a combustão pode ser apagada e o amor visceral pode ser suprimido pelo cálculo da conta de luz.
Veja, essa desconexão de idéias pode não fazer mais sentido no momento em que eu concluir esse texto. Mas quero poder ser colérica ao menos nas palavras, que é o que me resta no momento.
Não desenvolvi ainda a habilidade da mudança estratégica e minha bola de neve aumenta de diâmetro a cada minuto que perco concatenando essas idéias.
É preciso ser suficientemente adulta para viver nessa vida.
Eu ainda não saí dos 10 anos.
Prevejo um longo período de confusão mental nos meus próximos 27 anos.
Um comentário:
O fato de perceber que precisamos crescer já é uma etapa bem importante do crescimento.
Te amo. Sinto saudades!
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