domingo, maio 29, 2011

Soledad

A gente fala de solidão sem realmente saber o que é. O peito dói e a gente diz que é saudade, que é amor, que é fraqueza. Mas a dor da solidão é tão diferente que no momento em que se sente, a certeza é clara como água de nascente. A solidão dói nas entranhas. Nas juntas de todo o corpo, na nuca, na barriga, nas costas, cabeça e coração. Dói nas mãos, que ficam vazias, nos pés que não sabem pra onde ir, nos ombros que não têm mais o peso dos braços debruçados. Dói nos olhos, que vêem em volta uma multidão de rostos desconhecidos, que procura algum tipo de alento e que só vê o vazio. A solidão dói na consciência, de que é preciso ser uma pessoa melhor para que se tenha companhia. Para que seus amigos lembrem de você e façam questão de te ter por perto, mesmo que seja para não fazer nada. A solidão dói na alma. E essa dor não da pra explicar. Parece um buraco negro que te suga as forças, parece pesadelo sem fim. E é bem nessa hora que a dor entra no ciclo mais cruel de todos: a hora em que se precisa de um abraço sincero, de um afago, de um carinho, e não se tem ninguém. Não falo aqui de amores exclusivamente, falo de amigos, de família. É um ciclo muito, muito cruel, porque é na tristeza que se sabe realmente quando se está sozinho. É olhar para o lado e ver quantas pessoas lembraram de você hoje, quantas pessoas fizeram questão de ter sua companhia, quantas pessoas quiseram estar ao seu lado pelo simples prazer de estar. É a hora que se sabe entender a dor da solidão: é estar sozinho de verdade, na escuridão do coração.

Um comentário:

Maurício Coeli disse...

Exata. Mais que assinado em baixo.
Bacio.