quarta-feira, abril 30, 2008

TORMENTA

Tem os olhos negros marejados.
As mãos escondem o rosto, deixando o corpo despido mostrar-se.
Sente a dor física das palavras cortarem a pele, abrindo feridas outrora cicatrizadas.
Lembra da infância negligenciada, da juventude omissa.
Permanece muda enquanto a língua sangra a alma, feito navalha cravada na carne.
E quando os olhos criam coragem para fitar aqueles verdes e raivosos, prefere entregar-se a tortura da morte, afogando-se lentamente nas lágrimas choradas do passado.
Como se lutar não valesse a pena, desiste.
E nua, sob o olhar de esmeralda, adormece.

3 comentários:

Fátima disse...

bah que texto lindo...

cheio de alma, tristeza e solidão.

"quero escrever até encontrar onde segregas tantos sentimentos."

Vitor Moraes disse...

bonito e triste.

Unknown disse...

ai
a navalha que nós mesmos enfiamos em nossa carne acerta todos os pontos fracos...
SE houvesse hum juiz que não roubasse para o vencedor, seria contra a seqüência de golpes baixos desferidos por nós mesmos...